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Barreiro trincheira |
SEAPAC realizou um intercâmbio
intermunicipal aos municípios de Barcelona e Lajes Pintadas, nos dias 12 e 13
de setembro, em que os beneficiários do município de Sítio Novo puderam
conhecer três experiências de processos agroecológicos, construídos a partir
das implementações de tecnologias sociais. A atividade faz parte da programação
prevista no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), em parceria com o programa
da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) com patrocínio da Petrobrás. A
primeira parada foi no Assentamento União, município de Barcelona, onde eles
visitaram a experiência de Seu Luiz, que possui um Barreiro-trincheira
construído há dois anos, com recursos do MDS, através da FETRAF/ASA.
Pode-se perceber
que apesar das dificuldades no que se refere à assistência técnica, seu Luiz
consegue, a partir da água acumulada no seu barreiro, produzir hortaliças e
verduras, promovendo a segurança alimentar de sua família e gerando renda, já
que o excedente da produção ele vende todas as sextas-feiras na feira local. Já
a segunda experiência foi a de seu Zezinho, também localizada no Assentamento
União. Lá, a barragem subterrânea foi construída no leito de um riacho e, apesar
da seca que atingiu a região este ano, com as poucas chuvas que caíram, seu
Zezinho conseguiu plantar milho e capim, graças à construção dessa tecnologia que
possibilitou o acúmulo de água no subsolo. Após conhecer as experiências no
município de Barcelona, os participantes fizeram uma roda de conversa e o
coordenador, Damião Santos, explicou como funciona cada umas das tecnologias
visitadas.
No dia seguinte, o grupo dirigiu-se para a comunidade Catolé,
distante 06 quilômetros do município de Lajes Pintadas, região Trairi do estado
norteriograndense. Lá, vive seu Pedro Giliarde da Silva, com sua esposa
Josicleide Maria de Lima, e seus dois filhos. Ao chegar à comunidade avistou-se,
logo no quintal, a primeira cisterna conquistada, de 16 mil litros, que
possibilitou a estocagem de água para beber e cozinhar. A segunda foi a
cisterna calçadão, que trouxe para seu Pedro e sua família oportunidade de
captar água para produzir. Ao caminhar pelo quintal os agricultores ficaram
maravilhados com tamanha diversidade de culturas existentes ao redor de casa; inclusive
alguns agricultores levaram sementes para
plantarem em seus quintais.
Seu Pedro cultiva hortaliças, legumes e verduras como: coentro,
cebolinha, alface, pimentão, tomate tradicional, tomate cereja, beterraba,
quiabo, fava, feijão e milho, consorciado com a palma. Além disso ele cultiva mamão e pitanga, e cria porcos e galinhas. Todas estas variedades são utilizadas para a segurança e soberania alimentar e nutricional de sua
família; o excedente Seu Pedro vende para o comércio local e o município vizinho, Santa Cruz, como também para o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE), que é distribuído para as escolas de seu município. A família trabalha com
o canteiro econômico e, para o gerenciamento das águas, utiliza um sistema de
microaspersão, sem desperdícios do bem tão precioso. “Eu gostei muito de conhecer este sistema que ele usa para aguar, vou
levar esta experiência para o meu quintal, além de prático, gasta menos água”,
disse Dona Marlene, beneficiária da cisterna calçadão, na comunidade Serra
Chata. Para fertilizar a terra, seu
Pedro utiliza como adubo um composto orgânico feito com folhas secas, cinzas e
esterco, o qual ele aprendeu a fazer na capacitação do SSMA (Sistema Simplificado
de Manejo de Água para Produção). Após um almoço agroecológico na casa de seu
Pedro e Dona Josicleide, o grupo seguiu para Santa Cruz, onde houve mais
uma roda de conversa e os beneficiários puderam expor suas impressões sobre as
experiências visitadas. Para finalizar, seu Francisco Antônio, conhecido por
Canindé, traduziu em forma de verso os dias vivenciados no intercâmbio:
Hoje a visita de campo me chamou muita
atenção
Junto com a Petrobrás fazendo a programação
Vim junto com José Carlos, Canindé e
Damião
Para melhorar a vida do meu sertão
Um programa como esse não conheço desde do tempo de “minino”
Na terra do meu sertão o povo é
“piquinino”
O governo cumpre e faz junto com a
Petrobrás
Para fazer novos destinos
Sabemos que a vida do sertanejo não é
fácil, contudo, este intercâmbio nos mostrou que a vida no Semiárido é possível
e que, para isso, as famílias devem adaptar-se ao ambiente, respeitando a
natureza e associando a ela tecnologias capazes de promover a melhoria na qualidade
de vida do povo que habita a região semiárida.
FOTOS DO QUINTAL PRODUTIVO DE SEU PEDRO
Por: Diana Mariz
Revisão: Verônica Barros