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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O novo brasileiro

Esse clima de hostilidade não é o desdobramento natural de uma convicção política. Não se iluda, é rancor.

Por Max Velati
 
Achei que poderia escapar do tema. Disse a mim mesmo que a mídia já estava saturada de opiniões sobre as eleições e meus pitacos não iriam acrescentar nada. Considerei que, como chargista da Folha de S. Paulo, já havia publicado em nanquim e aquarela os meus dois centavos de crítica e reflexão.

Mas não consegui fugir.

Nas questões políticas, sigo os preceitos da Medicina que adverte que no mundo não existem doenças, mas doentes. Para mim isso significa que os candidatos devem ser examinados um a um e escolhidos ou descartados a despeito de seus partidos, que afinal são siglas vazias que na prática abrigam qualquer um e não expulsam ninguém.

Escolher um candidato para mim é tarefa cheia de minúcias: exige avaliar discursos, propostas, caráter, vícios, virtudes e preparo intelectual. Não busco santos, mas estadistas. Aceito as falhas humanas se encontrar as virtudes cívicas. Esta visão tão desapaixonada da política é uma aberração nos dias de hoje. Numa eleição marcada pelo choque de forças, pelos discursos inflamados e pelas atitudes apaixonadas, o uso do intelecto parece descabido. Mais vale empunhar a bandeira do que desconfiar das falácias; mais vale enfrentar a polícia do que estudar História; mais vale hostilizar o grupo rival do que pensar no futuro do país; mais vale tripudiar o derrotado do que avaliar a que custo a vitória foi obtida.

Não vi uma eleição. Vi o choque de forças, mas não vi debate. Vi confrontos de torcidas organizadas, mas não vi planos de governo. Vi manipulação de dados sobre o que foi feito, vi acusações sobre o que não foi feito, mas não vi propostas concretas sobre o que fazer e como fazer o que é preciso ser feito. Vi paixão, vi emoção, mas não vi reflexão. Vi duas celebridades disputando os holofotes, representando ferozmente interesses opostos em detrimento dos interesses reais e urgentes do povo brasileiro. Vi um evento sagrado para a democracia ser transformado em um espetáculo bizarro de demagogia, fanfarronice e paixão cega, adequada aos gramados, mas impensável nos parlamentos, útil para aliviar o stress, mas imprestável para traçar destinos.

Uma verdadeira cultura não pode se contentar em decidir os seus rumos apenas pela paixão. É preciso preservar o intelecto, que permite com certa frieza estabelecer a ordem, os valores e as prioridades. Renunciar ao poder de reflexão é renunciar à capacidade de pesar, julgar e decidir pelo melhor. Boa gestão é justiça.

A prova de que renunciamos ao intelecto está nas ruas. A prova é o rancor. A prova é o clima de hostilidade, a ferida aberta, o muro erguido nas redes sociais, o país dividido em dois territórios no mapa da estupidez. A prova de que abandonamos o pensar é o imbecil moral em plena gestação, esse novo brasileirinho hostil, raivoso e vingativo.

Não se iluda, é rancor. Esse clima de hostilidade não é o desdobramento natural de uma convicção política. O rancor nasce de uma pobreza intelectual que não aceita críticas ou reprovações. Ninguém mais pesa, examina e avalia. Todo mundo apenas sente e o sentimento permite tudo, perdoa tudo e justifica tudo. "Se for intenso, é do bem".

Se o erro existe, é culpa do outro.

E assim vamos pavimentando a nossa História com a democracia correta nos seus ritos, mas enlouquecida nos seus processos e monstruosa nas suas promessas.
*Max Velati trabalhou muitos anos em Publicidade, Jornalismo e publicou sob pseudônimos uma dezena de livros sobre Filosofia e História para o público juvenil. Atualmente, além da literatura, é chargista de Economia da Folha de S. Paulo.
Fonte: http://domtotal.com/noticias/

AP1MC divulga edital de Chamada Pública para Projeto Cisternas nas Escolas

31/10/2014
A Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC) divulga edital de chamada pública Nº 05/2014 para selecionar entidades privadas sem fins lucrativos para execução do Projeto Cisternas nas Escolas, visando a implementação de cisternas de 52 mil litros em instituições de ensino na área rural dos municípios do Semiárido. Confira abaixo o edital e a portaria de nº 03/2014, publicada no Diário Oficial da União, que institui as comissões que farão a seleção das entidades:

Idec promove atualização do Mapa de Feiras Orgânicas

Site do Consea
31/10/2014
Produtores, associações e cooperativas de produtos orgânicos ou agroecológicos podem fazer o cadastro e integrar o Mapa de Feiras Orgânicas. O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) está ampliando o mapa que já tem mais de 370 feiras e 45 grupos de consumidores cadastrados.
O Mapa de Feiras Orgânicas é uma ferramenta de busca rápida que mapeia e cadastra feiras orgânicas e grupos de consumo responsável voltada para estimular consumidores interessados em acessar alternativas de alimentação mais sustentáveis. Por mês, cerca de 10 mil pessoas acessam o mapa em busca de alimentos mais saudáveis e sustentáveis. De acordo com o cadastro, já são mais de 130 cidades em 24 estados do Brasil com feiras orgânicas.
No site, o consumidor pode encontrar o endereço de feiras especializadas e grupos de consumo responsável, informações de horários de funcionamento e e produtos regionais encontrados nesses locais. Além disso, o mapa mostra quais são as frutas, verduras e legumes da estação em cada região.
Para fazer parte do Mapa de Feiras Orgânicas, os interessados podem preencher o formulário no site (http://www.idec.org.br/feiras-organicas-cad-produtores/) ou enviar um email para feirasorganicas@idec.org.br .

Fonte: Com informações do Idec

Quase 75 mil casos de corrupção foram julgados

De janeiro a julho de 2014, a Justiça Federal e as instâncias estaduais julgaram 74.186 processos relativos a corrupção. Segundo avaliação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os juízes cumpriram umas das metas definidas pelo próprio CNJ para o Judiciário brasileiro. A expectativa é que até o final do ano os tribunais identifiquem e julguem as ações de improbidade administrativa e as ações penais relacionadas a crimes contra a administração pública.
No caso da Justiça Federal foram cumpridas 100% das metas relacionadas aos 8.057 processos ajuizados em 2012, e 75,83% dos processos cujas ações foram distribuídas até 2011. No âmbito da Justiça Estadual, foram alcançadas 35,77% das metas de combate à corrupção, com o julgamento de 50.655 processos envolvendo improbidade administrativa e crimes contra a administração pública. Dos processos que tramitam na Justiça Federal, 13.114 envolvem crimes contra a administração pública, e 2.360 o crime de improbidade administrativa.

Agência Brasil

Fonte: http://domtotal.com/noticias/

Goiás busca rede de proteção ao Cerrado

A maior parte do desmatamento se dá justamente no Cerrado, que superou a Amazônia desde 2011.

Único entre as 27 Unidades Federativas brasileiras presente na 40ª Sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), em Copenhague, Goiás quer adotar uma versão local do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e montar sua própria rede de preservação do Cerrado. As iniciativas têm uma motivação urgente: a maior parte do desmatamento se dá justamente no Cerrado, que superou a Amazônia como líder no passivo desde o início de 2011.

Pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) apontou que, em 2011, 6.418 km² de Floresta Amazônica foram devastados. No Cerrado, foram 7.415 km². Em 2012, o desmatamento na Amazônia caiu para 4.571 km², enquanto em áreas de Cerrado houve aumento para 7.653 km², especialmente provocado pelas atividades agropecuária e de produção de carvão vegetal. O Cerrado abrange oito Estados brasileiros e o Distrito Federal - Goiás é o único que tem 100% de seu território no bioma. 

A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás (Semarh) prefere não apontar o número do desmatamento no Estado porque haveria controvérsias sobre a estimativa. Mas estudo do economista Millades de Carvalho Castro publicado na página da Secretaria de Planejamento de Goiás na internet diz ter havido desmatamento anual de 1.493 km² no Estado entre 2002 e 2009. No período, 3,3% de áreas naturais de Goiás vieram abaixo. Até 2002 diz o estudo, 203,8 mil km² - 61,8% do Cerrado goiano - já tinham sido desmatados.

"O desmatamento cresce muito em Goiás porque o Estado ainda tem muitos ativos ambientais (áreas intocadas). Enquanto tivermos área agricultável e solo bom, teremos aumento do desmatamento", afirmou Jacqueline Vieira da Silva, titular da Semarh. "Mas precisamos correr. Ao proteger o Cerrado, protegemos a Floresta Amazônica, que dele depende."

O diálogo da Semarh com os grandes produtores de gado e de grãos cujas atividades estão legalmente amparadas, tem sido franco e bom. Com os pequenos produtores ainda há dificuldade. A construção do cadastro estadual, em sua opinião, daria maior autonomia para a Semarh atuar especialmente nessa frente. O novo cadastro, que deve ser criado até o fim de dezembro, facilitaria a adoção de iniciativas da rede de proteção do Cerrado.

Plano

O governo federal atua com base no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado). Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado responde por 5% da biodiversidade do planeta e é a mais rica região de savana do mundo. Até 2008, perdeu 204 milhões de hectares e 47,8% da cobertura vegetal.

Até 2002, foram desmatados 890,6 mil km². Nos seis anos seguintes, mais 85,1 mil km². O desmatamento é contabilizado como emissão de gases de efeito estufa, mesmo que não seja causado por queimadas. Parte do esforço brasileiro para cumprir seus compromissos de redução de emissões - entre 36,1% e 38,9% até 2020 - depende dos resultados do Cerrado.
Agência Estado
http://domtotal.com/noticias/

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

SEAPAC inicia construção de cisternas da Primeira Água em Cerro Corá


Cisterneiros fazendo as placas das cisternas
Depois da realização dos cursos de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) no município de Cerro Corá com as famílias beneficiadas, no mês de setembro, a equipe do Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC), em parceria com a Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (SETHAS), já deu início aos trabalhos de construção das tecnologias da primeira água, de beber e cozinhar.
Os cisterneiros já começaram a montar as placas das cisternas de 16 mil litros, conquistadas através do contrato 013/2014, que vão dar suporte para as famílias que convivem com a seca, e são prejudicadas com o alto índice de evaporação dos reservatórios e dificuldade para armazenar água para consumo.
Dona Zuleide e seu Francisco
A cisterna garante o acesso à água potável, captada a partir da chuva, promovendo qualidade de vida, segurança alimentar e saúde. Segundo a agricultora Zuleide Soares de Medeiros, beneficiada da comunidade Ipueiras, a implementação vai ajudar muito a sua família. “Estou muito feliz com essa cisterna, pois a dificuldade para ter água em casa é muito grande aqui. Sem água a pessoa não é nada e esse projeto foi bom demais porque era o sonho da gente construir uma dessas aqui, para quando chover não faltar mais água para usar”, ressaltou dona Zuleide.
O senhor Francisco, que ajudou na comissão escolhida pela comunidade, para auxiliar na busca ativa pela região, revelou que a os beneficiados estão ansiosos com a conquista e pretendem comemorar quando todas forem concluídas. “A construção está bem avançada e tudo vai ficar pronto logo, para juntar a comunidade e fazer uma festa em comemoração por essa alegria que conquistamos. Aqui tem muita seca, passa meses sem chegar água e essa cisterna vai ajudar muito”, afirmou seu Francisco.
No total, serão 1.204 famílias na região do Seridó beneficiadas através da parceria entre o SEAPAC e o Estado.

Festa Regional e Seminário semeiam a Paixão das Sementes na Paraíba


Até 06 de novembro, serão realizados dois eventos preparatórios para a VI Festa Estadual das Sementes da Paixão
AS-PTA*, Patac* e Daniel Lamir**
29/10/2014
 
Uma declaração simbolizou e batizou um importante patrimônio cultural na Paraíba. Era 1998, durante um encontro estadual, o agricultor Cassimiro Caetano Soares, conhecido como seu Dodô, falou sobre a importância das sementes crioulas para a vida dele e das famílias camponesas. As palavras de seu Dodô intitularam as conhecidas sementes que eram multiplicadas e conservadas através de gerações. Com Paixão.
As Sementes da Paixão representam a autonomia camponesa e a garantia da agrobiodiversidade nas áreas rurais. Na Paraíba, a cada ano, a colheita das Sementes da Paixão gera mais valorização e articulação política. Unidos, o saber popular e o saber científico reconhecem o valor dessas sementes para nossa vida no planeta.
Nos últimos anos, pesquisas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em parceria com a Articulação Semiárido Paraibano (ASA-PB), revelam que o valor das Sementes da Paixão superaram os aspectos culturais e simbólicos para as comunidades. Os documentos comprovam também o valor na produtividade. Apesar de não necessitarem de insumos químicos, as variedades de Sementes da Paixão são iguais ou superiores às sementes transgênicas no aspecto de resistência aos períodos de estiagem.

De acordo com Gabriel Fernandes, assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, quem compra uma semente transgênica fica proibido de replantá-la, devendo comprar sementes a cada novo plantio, tendo a sua liberdade e sua autonomia ameaçadas: “para garantir essa dependência, as empresas patentearam essas sementes modificadas, se tornando ‘donas’ delas. Não contentes, querem ainda liberar as sementes estéreis, ou seja, aquelas que produzem grãos que não são capazes de nascer novamente. Os transgênicos só reforçam o modelo de desenvolvimento baseado na monocultura, na simplificação e na uniformização dos ambientes.
A preservação e conservação das variedade crioulas é um caminho para a convivência com o Semiárido | Foto: Adriana Noya
No importante processo de valorização das Sementes da Paixão, no intervalo de uma semana, serão realizados dois importantes eventos. Amanhã (30) e sexta-feira (31) será realizado o Seminário “Os transgênicos e as ameaças às Sementes da Paixão”, em Lagoa Seca (PB). No dia 06 novembro, é a vez da VI Festa Regional das Sementes da Paixão, em Santo André (PB).
As duas atividades fazem parte dos preparativos para a VI Festa Estadual das Sementes da Paixão, que será realizada em 2015, pela Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB). O evento estadual acontece desde 2003 e reúne agricultores e agricultoras de todas as regiões do estado.
Seminário - Com o objetivo de refletir sobre a atual conjuntura das políticas de sementes no Brasil e aprofundar o debate sobre os transgênicos e suas ameaças às sementes crioulas, será realizado, no Centro de Eventos Marista, em Lagoa Seca, pela Comissão de Sementes do Polo da Borborema. O evento tem ainda o propósito de fazer um mapeamento do grau de contaminação das Sementes da Paixão para adotar estratégias de proteção das sementes crioulas.

Participarão da atividade mais de 60 pessoas, vindas de várias regiões do estado, entre elas representantes da Rede de Sementes da Articulação do Semiárido Paraibano (ASA-PB) e da Comissão de Jovens do Polo da Borborema.

A programação terá início às 9h da quinta-feira (30), com uma exposição sobre o contexto atual da política de sementes. Será abordado o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e suas oportunidades e desafios para o trabalho de fortalecimento da produção de sementes crioulas no Semiárido Paraibano.
Seminário vai testar transgenia em sementes | Foto: Arquivo Aspta
No período da tarde, será tratado o tema das sementes transgênicas e as ameaças às variedades crioulas, as “Sementes da Paixão”. “O que são transgênicos? A quem interessa os transgênicos? Como são produzidas as sementes transgênicas? Quais são os resultados obtidos em campo com o plantio dos transgênicos?”, são algumas das questões que serão levantadas. Esse momento será seguido de um debate sobre o que pode ser feito para preservar as Sementes da Paixão da contaminação das sementes transgênicas.

Na sexta-feira (31) serão realizados testes a partir das amostras de milho trazidas por representantes dos vários bancos de sementes comunitários do estado da Paraíba. A ideia é montar uma estratégia de produção de sementes livres de transgênicos. “O teste é feito em mais ou menos 10 minutos. A técnica consiste em triturar os grãos com água em um liquidificador e colocar em contato com uma solução aquosa até diagnosticar, por meio do auxílio de uma fita sensível, o resultado como positivo ou negativo da contaminação por transgênico”, explica Emanoel Dias, assessor técnico da AS-PTA, que acompanha o trabalho da Comissão de Sementes do Polo. Em seguida, serão entregues certificados aos agricultores e agricultoras guardiãs das sementes livres de contaminação dos transgênicos. O evento será encerrado com um trabalho em grupo que vai levantar estratégias para continuar o monitoramento da contaminação dos transgênicos nos diferentes territórios de atuação da ASA Paraíba.
Festa Regional - Os onze municípios que compõem o Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar e a entidade de assessoria técnica e socio-organizativa à agricultura familiar (Patac), em parceria com a Rede Sementes da Articulação Semiárido Paraibano (ASA-PB), estão em plena mobilização para realização da 6ª Festa Regional das Sementes da Paixão, que acontecerá no território do Cariri Paraibano, no dia 06 de novembro, na comunidade São Félix, em Santo André.
A 6ª Festa Regional das Sementes da Paixão se realizará como forma de celebrar as conquistas alcançadas pela agricultura familiar em meio a tantas ameaças, como o longo período de estiagem que se estendeu de 2012 a este ano na Paraíba. Durante toda a atividade haverá apresentações culturais com peça teatral, apresentações musicais de violeiros, sanfoneiros e declamadores; debates, feira pública, oficinas temáticas, trocas conhecimento e de sementes, culminando com a bênção solene das Sementes da Paixão.
  
Cerca de 500 agricultoras e agricultores guardiãs e guardiões das Sementes da Paixão deverão se reunir em torno da temática “Resistir às ameaças, cultivando vidas” para celebrar as conquistas e trocarem seus conhecimentos sobre as Sementes e também para reafirmar a luta por um território livre de alimentos transgênicos e agrotóxicos, visto que durante a realização da festa também será lançada a campanha “Luta permanente contra os agrotóxicos e pela vida”.
As Sementes da Paixão representam as diversas sementes crioulas, sejam elas de origem vegetal ou animal que foram guardadas e repassadas de geração em geração.  Também está incluído nesse contexto o conhecimento tradicional das famílias camponesas, que em toda história da agricultura vêm conservando, resgatando, selecionando e valorizando a agrobiodiversidade adaptada a cada região.
Bancos para guardar sementes - Todas essas experiências vêm a cada dia se consolidando através das diversas práticas que as famílias agricultoras sabiamente vêm fazendo na  produção e conservação de variedades de sementes, nos seus bancos de sementes familiares e, nas últimas décadas, essas práticas se ampliaram através das casas ou bancos de sementes comunitários (BSC), experiências adotadas pelas comunidades para guardarem suas sementes de maneira coletiva.
Hoje, na Paraíba, existem aproximadamente 220 BSC, dos quais 35 estão no território do Cariri, Seridó e Curimataú paraibano. Os bancos ou casas de sementes surgem como estratégia de preservação e conservação desse patrimônio e fortalecem a autonomia dessas pessoas já que não precisam esperar a distribuição de sementes do governo para realizar seus plantios, além de assegurar que tenham alimentos saudáveis produzidos nas suas propriedades.
Semiárido – As sementes crioulas são fontes da luta pela resistência, autonomia, liberdade e riqueza para as populações camponesas do Semiárido. Organizações da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) mantêm um compromisso permanente em defesa das sementes crioulas para a convivência com o Semiárido em bases agroecológicas.
* Organizações da ASA
** Assessor de comunicação da Asacom
Fonte: http://www.asabrasil.org.br/Portal

Impactos do clima pedem ação

Reunião dos cientistas do IPCC unifica informações de grupos de trabalho anteriores.

Começou na segunda-feira (27) a reunião dos cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas) para finalizar o quinto relatório sobre mudanças climáticas e os riscos que estas trazem. A reunião acontecerá durante toda a semana para discutir as descobertas que os três Grupos de Trabalho publicaram no último ano, trazendo novidades e unindo as informações.

“A síntese dos estudos e dos relatórios providenciará informações e um ‘guia’ que permitirá aos políticos encontrar o caminho para um acordo global que, finalmente, poderá reverter as mudanças climáticas”, disse Rajendra Pachauri, coordenador do IPCC. “Isso nos dará conhecimento para tomar decisões mais bem informados e o conhecimento para construir um futuro mais sustentável. Isso nos ajuda a entender porquê temos que agir e os custos e as implicações de não agir”, disse Pachauri.

Durante a sessão, o relatório será revisado linha por linha para assegurar sua consistência. A previsão de publicação deste relatório é domingo, 2 de novembro. “Esperamos que, após a divulgação deste relatório, o governo brasileiro apresente uma meta de reduções para o país que seja condizente com a nossa crescente importância e riqueza de recursos naturais renováveis, como o sol e os ventos”, disse Barbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e Energia.

Os relatórios anteriores do IPCC já demonstraram a tendência global de crescimento das emissões do setor de transportes e no Brasil isso não é diferente. “Esse crescimento é acompanhado de todo o setor de energia, sobretudo após um ano de intensa utilização das térmicas para geração de eletricidade. É por isso que esperamos que o governo se comprometa a manter, em 2050, as emissões do setor de energia 13% abaixo do nível de 2010”, concluiu Rubim.
Greenpeace
Fonte: http://domtotal.com/noticias/

Papa Francisco: estar do lado dos pobres é Evangelho, não comunismo


Terra, casa, trabalho: esses foram os três pontos fundamentais em torno dos quais desenvolveu-se o longo e articulado discurso do Papa Francisco aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, recebidos esta terça-feira na Sala Antiga do Sínodo, no Vaticano. O Pontífice ressaltou que é preciso revitalizar as democracias, erradicar a fome e a guerra, assegurar a dignidade a todos, sobretudo aos mais pobres e marginalizados.
Tratou-se de um veemente pronunciamento, ao mesmo tempo, de esperança e de denúncia. Um discurso que, por amplidão e profundidade, tem o valor de uma pequena encíclica de Doutrina Social. Ademais, era natural que os Movimentos Populares solicitassem este encontro com o Papa Francisco.
Efetivamente, na Argentina, como bispo e depois como cardeal, Bergoglio sempre se fez próximo das comunidades populares como as de "catadores de papel" e "camponeses". No fundo, nesta audiência retomou o fio de um compromisso jamais interrompido.
O Santo Padre evidenciou já de início, no discurso, que a solidariedade – encarnada pelos Movimentos Populares – encontra-se "enfrentando os efeitos deletérios do império do dinheiro".
O Papa observou que não se vence "o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que servem unicamente para transformar os pobres em seres domésticos e inofensivos". Quem reduz os pobres à "passividade", disse, Jesus "os chamaria de hipócritas". Em seguida, deteve-se sobre três pontos chave: "Terra, teto, trabalho. É estranho – disse –, mas quando falo sobre estas coisas, para alguns parece que o Papa é comunista. Não se entende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho." Portanto, acrescentou, terra, casa e trabalho são "direitos sagrados", "é a Doutrina social da Igreja".
Dirigindo-se aos "camponeses", Francisco disse que a saída deles do campo por causa "de guerras e desastres naturais" o preocupa. E acrescentou que é um crime que milhões de pessoas padeçam a fome, enquanto a "especulação financeira condiciona o preço dos alimentos, tratando esses alimentos como qualquer outra mercadoria". Daí, a exortação do Papa Francisco a continuar "a luta em prol da dignidade da família rural".
Em seguida, o Santo Padre dirigiu seu pensamento aos que são obrigados a viver sem uma casa, como experimentara também Jesus, obrigado a fugir com sua família para o Egito. Hoje, observou, vivemos em "cidades imensas que se mostram modernas, orgulhosas e vaidosas". Cidades que oferecem "numerosos lugares" para uma minoria feliz e, porém, "negam a casa a milhares de nossos vizinhos, incluindo as crianças".
Com pesar, Francisco ressaltou que "no mundo globalizado das injustiças proliferam-se os eufemismos para os quais uma pessoa que sofre a miséria se define simplesmente 'sem morada fixa'".
O Papa denunciou que muitas vezes "por trás de um eufemismo há um delito". Vivemos em cidades que constroem centros comerciais e abandonam "uma parte de si às margens, nas periferias".
Por outro lado, elogiou aquelas cidades onde se "segue uma linha de integração urbana", onde "se favorece o reconhecimento do outro". Em seguida, foi a vez de tratar da questão do trabalho: "Não existe – ressaltou – uma pobreza material pior do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho." Em particular, Francisco citou o caso dos jovens desempregados e ressaltou que tal situação não é inevitável, mas é o resultado "de uma opção social, de um sistema econômico que coloca os benefícios antes do homem", de uma cultura que descarta o ser humano como "um bem de consumo".
Falando espontaneamente, ou seja, fora do texto, o Pontífice retomou a Exortação apostólica "Evangelii Gaudium" para denunciar mais uma vez que as crianças e os anciãos são descartados. E agora se descartam os jovens, com milhões de desempregados, disse ainda. Trata-se de um desemprego juvenil que em alguns países supera 50%, constatou. Todos, reiterou, têm direito a "uma digna remuneração e à segurança social".
Aqui, disse o Pontífice, encontram-se "catadores de papel", vendedores ambulantes, mineiros, "camponeses" aos quais são negados os direitos do trabalho, "aos quais se nega a possibilidade de sindicalizar-se". Hoje, afirmou, "desejo unir a minha voz à de vocês e acompanhá-los em sua luta". Em seguida, Francisco ofereceu sua reflexão sobre o binômio ecologia-paz, afirmando que são questões que devem concernir a todos, "não podem ser deixadas somente nas mãos dos políticos". O Santo Padre afirmou mais uma vez que estamos vivendo a "III Guerra Mundial", em pedaços, denunciando que "existem sistemas econômicos que têm que fazer a guerra para sobreviver": "Quanto sofrimento, quanta destruição _ disse o Papa –, quanta dor! Hoje, o grito da paz se eleva de todas as partes da terra, em todos os povos, em todo coração e nos movimentos populares: Nunca mais a guerra! "Um sistema econômico centralizado no dinheiro – acrescentou – explora a natureza "para alimentar o ritmo frenético de consumo" e daí derivam feitos destrutivos como a mudança climática e o desmatamento. 
O Papa recordou que está preparando uma Encíclica sobre a ecologia assegurando que as preocupações dos Movimentos Populares estarão presentes nela. O Pontífice perguntou-se por qual motivo assistimos a todas essas situações: "Porque – respondeu – neste sistema o homem foi expulso do centro e foi substituído por outra coisa. Porque se presta um culto idolátrico ao dinheiro, globalizou-se a indiferença." Porque, disse ainda, "o mundo esqueceu-se de Deus que é Pai e tornou-se órfão porque colocou Deus de lado".
Em seguida, o Papa exortou os Movimentos Populares a mudarem este sistema, a "construírem estruturas sociais alternativas". Francisco advertiu que é preciso fazê-lo com coragem, mas também com inteligência. Com tenacidade, porém, sem fanatismo. Com paixão, mas sem violência". Nós cristãos, disse, temos um bonito programa: as Bem-aventuranças e o Cap. 25 do Evangelho segundo Mateus. Francisco reiterou a importância da cultura do encontro para derrotar toda discriminação e disse que é preciso uma maior coordenação dos movimentos, sem, porém, criar "estruturas rígidas": "Os Movimentos Populares – afirmou – expressam a necessidade urgente de revitalizar nossas democracias, muitas vezes sequestradas por inúmeros fatores." É "impossível", frisou, "imaginar um futuro para uma sociedade sem a participação protagonista da grande maioria" das pessoas. É preciso superar "o assistencialismo paternalista" para ter paz e justiça, prosseguiu, criando "novas formas de participação que incluam os movimentos populares" e "sua torrente de energia moral". 
O Pontífice concluiu seu discurso com um premente apelo: "Nenhuma família sem casa. Nenhum camponês sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos! Nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá" – disse. Entre os participantes, no Vaticano, do encontro dos Movimentos Populares figura também o presidente da Bolívia, Evo Morales.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, explicou que, nesta ocasião, a visita do chefe de Estado boliviano não foi "organizada mediante os habituais canais diplomáticos" e que o encontro "privado e informal" no final da tarde desta terça-feira entre o Papa Francisco e o presidente deve ser considerado "uma expressão de afeto e proximidade ao povo e à Igreja boliviana e um apoio à melhoria das relações entre as Autoridades e a Igreja no país".
Fonte: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/

Diversificação apícola do RN será apresentada como case de sucesso


Apicultores potiguares dão exemplo ao explorar
produtos além do mel (Foto: Moraes Neto/Divulgação)
A estiagem prolongada que atinge o Rio Grande do Norte há quase três anos provocou queda considerável na produção de mel de abelha. Mas por outro lado, as dificuldades despertaram nos apicultores potiguares a necessidade de trabalhar a diversificação para manter a atividade fortalecida. Estimulados pelas ações promovidas pelo Setorial de Apicultura do Sebrae no Rio Grande do Norte, os produtores atuam na exploração dos produtos nobres da colmeia, como a coleta do veneno da abelha, e o estado ganha destaque pelo aperfeiçoamento de técnicas que garantem maior produtividade e renda.
Além da experiência com apitoxina, veneno da abelha, a apicultura do Rio Grande do Norte avança também na produção de outros produtos nobres extraídos das colmeias, como a cera, a geleia real e o pólen. Os resultados mostram que, mesmo em condições climáticas adversas, é possível obter resultados positivos na atividade.
 “Vivemos uma longa estiagem, e foi necessário que os apicultores se adaptassem às novas condições climáticas e dessem continuidade à atividade. Para isso, incentivamos a diversificação, com foco nos produtos nobres da colmeia, que garantem renda e o fortalecimento da atividade mesmo em condições desfavoráveis”, enfatiza o gestor de Apicultura do Sebrae-RN, Lecy Gadelha.
Um dos produtos que têm valor agregado é
o pólen (Foto: Marco Polo Veras / Divulgação)
Os avanços apícolas regionais, obtidos a partir da diversificação de produtos serão apresentados durante o Congresso Brasileiro de Apicultura e Meliponicultura, que acontece em Belém-PA, entre os dias 5 e 8 de novembro. Caravana promovida pelo Sebrae-RN levará 45 apicultores potiguares ao evento, que discute estratégias para o setor.
As experiências exitosas alcançadas por Joaz Ferreira, da Região do Mato Grande Potiguar, serão apresentadas no congresso. O apicultor apresentará os resultados obtidos a partir de um equipamento de coleta da apitoxina – veneno da abelha, criado por ele, que aumenta em dez vezes a produtividade por colmeia. “A partir das ações do Sebrae para diversificar a apicultura, conseguimos muitos resultados bons e estaremos apresentando durante o congresso. A minha experiência mostra isso, com base no equipamento em que consigo coletar um grama do veneno por colmeia. Em outras regiões se coleta, em média 0,1 grama por colmeia”, explica.
Além das expectativas e desafios para o setor da apicultura, o Congresso Brasileiro de Apicultura e Meliponicultura servirá para a apicultura potiguar buscar novos mercados para os produtos do estado. Durante o evento, serão expostos os produtos certificados produzidos por mais de 200 apicultores inseridos em 10 cooperativas do Rio Grande do Norte.

A produção certificada, que carrega a marca própria Potimel, foi obtida junto aos órgãos de inspeção agropecuária, e é fruto do trabalho desenvolvido junto aos apicultores ao longo de dois anos. “Todos os produtos serão expostos e a nossa expectativa é de que consigamos mais mercado para o mel, própolis, pólen e demais itens produzidos pelos apicultores do estado”, complementa Lecy Gadelha.

Fonte: http://portalnoar.com/

Estados Unidos aprovam primeira vacina contra perigoso tipo de meningite

A vacina é autorizada para pessoas entre 10 e 25 anos e previne a infecção meningocócica provocada pela bactéria Neisseria meningitidis de tipo B


Por Agência Brasil
A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou nessa quarta-feira (29) a primeira vacina contra a meningite bacteriana de tipo B, depois de surtos em vários campi universitários em 2013.
A vacina trumenba, do Laboratório Pfizer, é autorizada para pessoas entre os 10 e os 25 anos e previne a infecção meningocócica provocada pela bactéria Neisseria meningitidis de tipo B, anunciou a FDA em comunicado.
Dos 500 casos de meningite meningocócica notificados nos Estados Unidos em 2012, 160 foram causados pelo meningococo do tipo B, a espécie mais letal, segundo dados dos centros de Controle e Prevenção da Doença.
A vacinação é o método mais eficaz para prevenir a doença, mas até hoje as vacinas aprovadas nos Estados Unidos só cobriam quatro dos cinco principais tipos de meningococo – A, C, Y e W.
Fonte: http://portalnoar.com/

Brasil é exemplo no combate à desigualdade

Segundo dados da Osfam, país é uma das poucas nações do mundo que reduziu abismo entre ricos e pobres.

Enquanto a desigualdade entre ricos e pobres tem sido ampliada na maior parte do planeta, no Brasil tem ocorrido o oposto, apesar de o país continuar entre os mais desiguais do mundo. É o que aponta o relatório "Equilibre o Jogo: É Hora de Acabar com a Desigualdade Extrema", divulgado nessa quarta-feira (29) pela Oxfam – organização não governamental que desenvolve campanhas e programas de combate à pobreza em todo o mundo.

“O Brasil tem apresentado um padrão diferenciado, e está entre os poucos países que estão tendo sucesso em diminuir a diferença entre os mais ricos e os mais pobres”, disse o diretor da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst. Ele acrescentou que entre os Brics (bloco que agrega também Rússia, Índia, China e África do Sul), "o Brasil é o único que está conseguindo reduzir a desigualdade. E, dentro do G20, é o que está tendo maior sucesso nessa empreitada, ao lado do México e da Coreia do Sul, que, apesar dos avanços, figuram em um patamar inferior ao do Brasil (no que se refere a diminuição das desigualdades)”.

De acordo com ele, entre os fatores que colocam o país nessa situação estão os programas de transferência de renda como o Bolsa Família, iniciativa que, inclusive, tem sido adotada por outros países, lembra ele. Além disso, ao promover "aumento constante e um pouco acima da inflação” do salário mínimo, o Brasil protege os setores mais baixos da economia. O salário mínimo nacinal cresceu quase 50% em termos reais, entre 1995 e 2011, e contribuiu para declínio paralelo das situações de pobreza e desigualdade, informou Ticehurst.

Outro ponto favorável, que tem melhorado a situação do país, é a ampliação e melhoria do acesso a serviços básicos públicos, em especial à saúde e à educação. “Investir em serviços públicos gratuitos é algo essencial para diminuir a distância entre ricos e pobres. Nesse sentido, vale ressaltar que privatizar saúde e educação implica em dificuldades para a ascensão social das pessoas", argumentou.

Apesar de ter melhorado, nos últimos anos, a distribuição de riquezas, o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo. “Há ainda muito por fazer”, ressalta Ticehurst, lembrando que “se antes o desafio era universalizar, agora o desafio é dar qualidade a esses serviços”.

“Houve avanços no combate à pobreza e desigualdade, mas para continuar melhorando é necessário aprimorar as políticas sociais e os serviços básicos, principalmente em termos de qualidade. Além disso, é preciso rever a questão tributária e fiscal, de forma a mudar do atual sistema regressivo para um progressivo, no qual quem tem mais contribui mais e quem tem menos contribui menos”.

Em sua avaliação, a reforma política precisa entrar na agenda do país, na busca por uma representatividade mais próxima aos interesses dos brasileiros. “É também necessário tocar as causas estruturais dessa desigualdade histórica, que afeta o país desde a época da colonização, feita por exploração e com extrema concentração de terras”.

Segundo ele, ao longo da história o Brasil valorizou demasiadamente “uma elite masculina e o patriarcado", e a escravidão resultou em grandes diferenças econômicas e sociais, a partir da cor. Disse ainda que "tudo precisa vir acompanhado de uma base mais sólida para o crescimento sustentável”.
Agência Brasil
Fonte: http://domtotal.com/noticias/

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Guiyu recicla lixo eletrônico do mundo todo

A contaminação por metais pesados tornou tóxicos o ar e a água e as crianças têm altos níveis de chumbo no sangue.

Por Felicia Sonmez

Guiyu (China) - A cidade chinesa de Guiyu, que recebe lixo eletrônico de todo o mundo para reciclá-lo, emprega dezenas de milhares de pessoas, com um custo ambiental extremamente alto.
A contaminação por metais pesados tornou tóxicos o ar e a água e as crianças têm altos níveis de chumbo no sangue, segundo estudo feito por cientistas da Universidade Médica de Shantou.
"Antes, mandavam para nós o lixo de outras partes do mundo para a China. Esta era a principal fonte (de resíduos) e o principal problema", disse Ma Jun, diretor de uma das principais ONGs ambientalistas, o Instituto de Assuntos Públicos e Ambientais.
"Mas agora, a China se tornou uma potência consumidora por si só", acrescentou.
"Penso que temos 1,1 bilhão de celulares usados e a vida destes aparelhos é cada vez mais curta", afirmou. "Isto vai trazer um grande problema", acrescentou.
Segundo cifras da ONU, a China gera seis milhões de toneladas de rejeitos eletrônicos por ano; os Estados Unidos, 7,2 milhões, e o mundo inteiro, 48,8 milhões.
Em Guiyu, a capital da reciclagem tecnológica da China, esta indústria emprega pelo menos 80.000 moradores desta cidade de 130.000 habitantes.
Em um depósito mal iluminado, montes de controles remoto cobrem o chão. Mulheres sentadas em tamboretes de plástico abrem os aparelhos eletrônicos como se fossem ostras, procurando placas de circuitos.
Em uma ruela, a centenas de metros dali, pai e filho, originários de uma província distante, lavam os microchips em recipientes de plástico, enquanto homens descarregam com uma pá telefones velhos e teclados de computador de um caminhão.
A cada ano, a cidade processa mais de 1,6 milhão de toneladas de lixo tecnológico, gerando ganhos no valor de 600 milhões de dólares ao ano, o que atrai migrantes de várias partes da China.
Mas esta atividade é muito irregular e tem um alto custo ambiental. Os resíduos resultantes são lançados em um rio próximo e o ar fica saturado de fumaça da combustão de plásticos, circuitos e produtos químicos.
"As pessoas consideram que não se deve permitir que isto continue", avaliou Leo Chen, funcionário do setor de finanças de 28 anos, que cresceu em Guiyu.
"Lembro que na frente da minha casa tinha um rio. Era verde e a água era clara e bonita", relatou. "Agora, é preta", lamentou.
Lai Yun, um pesquisador do grupo ambientalista Greenpeace, que visitou Guiyu em várias oportunidades, diz que o governo chinês reforçou a legislação para proteger o meio ambiente, mas as normas vigentes não são aplicadas com rigor.
Para o governo de Pequim, em hipótese alguma se pode atravancar o desenvolvimento.
"Do ponto de vista do governo, coletar os resíduos eletrônicos e processá-los é importante para a economia local", declarou Lai.
"Segundo estudos, 80% dos lares participam da atividade. Por fim, se esta indústria não se desenvolver, estes habitantes precisarão de outro tipo de trabalho", acrescentou.
AFP
Fonte: http://domtotal.com/noticias/

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Encontro no Vaticano: Papa convoca movimentos sociais de todo o mundo a combaterem causas estruturais da pobreza

Adital

Papa Francisco com fiéis
O Papa Francisco se reuniu na manhã desta terça-feira, 28 de outubro, na Aula do Sínodo com os participantes do Encontro Mundial dos Movimentos Populares (de 27 a 29 de outubro), organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais e com os líderes de vários movimentos.
O Papa falou sobre o termo solidariedade, ''uma palavra que não cai bem sempre – afirmou – eu diria que, algumas vezes, transformamos em uma má palavra; mas é uma palavra muito mais além do que alguns atos de generosidade esporádicos. É pensar e atuar em termos de comunidade, de prioridade de vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns. Também é lutar contra as causas estruturais da pobreza, da desigualdade, da falta de trabalho, da terra e da moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar os destruidores efeitos do Império do dinheiro: os deslocamentos forçados, as emigrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de vocês sofrem e que todos estamos chamados a transformar. A solidariedade, entendida, em seu sentido mais amplo, é um modo de fazer história e isso é o que fazem os movimentos populares''.
Também lembrou que o Encontro não responde a uma ideologia, já que os movimentos não trabalham com ideias, mas com realidades. ''Não se pode abordar o escândalo da pobreza promovendo estratégias de contenção que, unicamente, tranquilizem e convertam os pobres em seres domesticados e inofensivos – continuou. Esse encontro nosso responde a um anseio muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para seus filhos; um anseio que deve estar ao alcance de todos, mas, hoje, vemos, com tristeza, cada vez mais longe da maioria: terra, teto e trabalho. É estranho, mas se falo disso para alguns significa que o Papa é comunista''.
''Hoje, ao fenômeno da exploração e da opressão se soma uma nova dimensão, um matiz gráfico e duro da injustiça social; os que não podem ser integrados, os excluídos são dejetos, restos?. Esta é a cultura do descarte.... Isso acontece quando no centro de um sistema econômico está o deus dinheiro e não o homem, a pessoa humana. Se no centro de todo sistema social ou econômico tem que estar a pessoa, imagem de Deus, criada para que fosse o denominador do universo. Quando a pessoa é deslocada e vem o deus dinheiro ocorre essa inversão de valores''.
Francisco mencionou o problema do desemprego e acrescentou que ''todo trabalhador, esteja ou não esteja no sistema formal de trabalho assalariado, tem direito a uma remuneração digna, a seguridade social e a uma cobertura previdenciária. Há catadores, recicladores, vendedores ambulantes, costureiros, artesãos, pescadores, camponeses, pedreiros, mineiros, operários de empresas recuperadas, todo tipo de cooperativistas e trabalhadores de ofícios populares que estão excluídos dos direitos trabalhistas, que lhes tem negada a possibilidade de se sindicalizarem, que não tem uma renda adequada e estável. Hoje, quero unir minha voz à suas e acompanhá-los em sua luta''.
O Pontífice também mencionou o tema da paz e da ecologia. ''Não pode haver terra, não pode haver teto, não pode haver trabalho se não temos paz e se destruímos o planeta... a criação não é uma propriedade, da qual podemos dispor a nosso bel prazer; nem muito menos é uma propriedade só de alguns, de poucos: a criação é um dom, é um presente, um dom maravilhoso que Deus nos deu para que cuidemos dele e o utilizemos em benefício de todos, sempre com respeito e gratidão''.
''Mas por que em vez disso nos acostumamos a ver como se destrói o trabalho digno, se despejam tantas famílias, se expulsam os camponeses, se faz a guerra e se abusa da natureza? Porque nesse sistema se tirou o homem, a pessoa humana, do centro, e o substituíram por outra cosa! Porque se rende um culto idolátrico ao dinheiro! Porque se globalizou a indiferença! Se globalizaram a indiferença, para mim, importa o que acontece com os outros desde que eu defenda o meu. Porque o mundo se esqueceu de Deus, que é Pai; se tornou órfão porque deixou a Deus de lado''.
O Encontro
Encorajados pelo Papa Francisco a "construir uma Igreja pobre e para os pobres”, mais de 100 leigos, líderes de grupos sociais, 30 bispos engajados com as realidades e os movimentos sociais em seus países, e cerca de 50 agentes pastorais, além de alguns membros da Cúria romana, participam desde esta segunda-feira, 27,do Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
O Brasil está presente com alguns representantes, entre eles o secretário geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Leonardo Steiner, e o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.
O evento é considerado por seus participantes como algo sem precedentes, pois ocorre no Vaticano, com a participação de dezenas de movimentos sociais e bispos. É uma continuação do debate ocorrido no Vaticano emnovembro de 2013, também com a participação de alguns representantes de movimentos sociais.
O arcebispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, explicou que "o Papa Francisco compreendeu que, devido ao que ele chamou de 'globalização da indiferença', há muitas pessoas que não têm lugar ou reconhecimento na sociedade, nem por parte do Estado, nem por parte da sociedade civil, e que, se essa pessoa não for integrada, dá origem a manifestações para reivindicar os direitos, porque, se não se resolvem as injustiças nem as desigualdades, não se resolvem os problemas".
"Hoje, temos que dizer não a uma economia que exclui. Essa economia mata tudo que entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, em que os poderosos devoram os mais fracos. Como consequência dessa situação, grandes massas da população se veem excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem horizontes, sem saída”, afirma a carta assinada no ano passado após o evento.
Da mesma forma, o Encontro que ocorre agora tem por objetivo "elaborar uma síntese da visão dos movimentos populares em torno das causas da crescente desigualdade social e do aumento da exclusão em todo mundo, principalmente a exclusão da terra, do teto e do trabalho”, e "propor alternativas populares para enfrentar os problemas gerados pelo capitalismo financeiro, a prepotência militar e o imenso poder das transnacionais, como a guerra, a fome, desemprego, exclusão, despejos e miséria, com a perspectiva de construir uma sociedade livre e justa”.
O evento vai abordar três eixos de discussão, chamados simbolicamente de "Pão”, "Terra” e "Lar”. O primeiro se refere às condições de vida dos trabalhadores informais e jovens e as problemáticas do mundo do trabalho; o segunda discute o campesinato, a agricultura, soberania alimentar e a questão ambiental; e o terceiro as periferias urbanas, a vida precária na cidade. Dois outros temas completam o debate: "Ambiente e mudanças climáticas” e "movimentos pela paz”.


Com informações da Agência Vatican News e do MST.
Fonte: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=ES&cod=83061

Francisco promove o próprio ´Fórum Social´

Papa discute justiça social com movimentos populares em encontro no Vaticano.

Por Alberto Bobbio

Por três dias, o Vaticano acolhe o Encontro Mundial dos Movimentos Populares: dos bancos éticos aos sem-terra, passando pelos centros sociais italianos. Uma centena de siglas trarão as vozes da periferia para o Vaticano. Chama-se de Encontro Mundial dos Movimentos Populares e ocorre no Vaticano por três dias, a partir dessa segunda-feira (27), coordenados pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz e pela Pontifícia Academia das Ciências.

Na prática, é o Fórum Social Mundial que se transfere ao encontro do papa Francisco. Foi ele que quis encontrar e falar as organizações de base que trabalham no âmbito da justiça social e que, geralmente, não têm nenhum reconhecimento por parte das instituições.

São uma centena de siglas de todo o mundo, representantes, por sua vez, de redes nacionais e internacionais, que atuam nos países ricos e no Terceiro Mundo e que, uma vez por ano, encontram-se no "Fórum Social", uma espécie de congresso-evento nascido no Brasil, em Porto Alegre, anos atrás, com o slogan "Um outro mundo é possível", para poder contrastar as análises dos banqueiros e dos empresários globais reunidos todos os anos em Davos, na Suíça.

No Fórum Social, há 10 anos, também participam algumas organizações católicas, incluindo a Cáritas italiana, sacerdotes, missionários e bispos.

O encontro, que começou nessa segunda-feira no Vaticano, intitula-se "Terra, Domus, Labor" (Terra, Moradia e Trabalho, em tradução livre da IHU On-Line) Bergoglio conhece-os muito bem, porque, quando era arcebispo de Buenos Aires, criou um vicariato especial para coordenar com eles o trabalho da Igreja para os pobres.

Percorrendo a lista, ficamos surpresos. Entre os movimentos italianos, além da Banca Ética e da Associação Trentini nel Mondo, que se ocupa de cooperação internacional, há o centro social Leoncavallo, de Milão, um dos centros sociais históricos da Itália, e a rede Genuino Clandestino, uma rede de centros sociais que coordenam os No-Tav e os movimentos No Expò.

A Genuino Clandestino nasceu em 2010 para apoiar o alimento camponês contra as grandes indústrias alimentares do agronegócio e contra os sistemas oficiais de certificação, mas, pouco a pouco, se tornou uma rede em que convivem muitas iniciativas, como diz a apresentação na rede, "orgulhoso de ser clandestino" e de "levar adiante as suas lutas e a sua existência com ou sem o consentimento da lei".

E há também o Re-Maflow, o projeto dos operários demitidos da Maflow, uma multinacional de capital italiano e estabelecimentos em todo o mundo, em cuja sede de Trezzano sul Naviglio trabalhavam 330 pessoas, uma fábrica reduzida à falência, não por causa da crise industrial, mas pela especulação financeira e que fechou definitivamente em dezembro de 2012. Os trabalhadores se reapropriaram da fábrica, decididos a demonstrar que uma fábrica autogerida, sem patrões e sem exploração, pode funcionar.

Há os Indignados espanhóis e a rede de Democracia Real YA, o núcleo histórico dos indignados que deram vida ao movimento, ocupando em 2011, por muitos dias, a Puerta del Sol, em Madri.

Da Espanha, além da Juventude Operária da Ação Católica, também vem o Enhe Bizkaia, o sindicato basco que expressa as posições do braço político dos separatistas.

Há a rede internacional da Via Campesina nas suas várias articulações nacionais, começando pela associação francesa de José Bové, que anos atrás liderou o movimento camponês do outro lado dos Alpes nas reivindicações contra as multinacionais dos alimentos e o governo de Paris, e que se tornou um herói nacional quando atacou, junto com outras pessoas, um McDonald's em Millau, onde foi preso.

O comunicado com o qual o Vaticano anunciou o encontro também é assinado por João Pedro Stédile, líder dos Sem-Terra brasileiros e coordenador da Via Campesina Internacional, um dos movimentos sociais mais influentes e poderosos no Brasil.

Stédile escreveu, há alguns anos, que "um movimento camponês que contesta as classes dominantes pode considerar como um triunfo o simples fato de existir".

Depois, há o United Steelworkers, o maior sindicato norte-americano do setor industrial comprometido com a globalização das lutas dos trabalhadores contra as multinacionais e com a criação de uma organização mundial de sindicatos mais incisiva na defesa dos direitos dos trabalhadores, o que hoje não acontece porque os capitais são globais, enquanto o trabalho é nacional.

A lista inclui inúmeras organizações envolvidas na defesa da soberania alimentar dos povos de todos os continentes, todas as associações que lutam na África contra a land grabbing, isto é, a compra de enormes áreas de terra para culturas intensivas a serem destinadas quase sempre aos biocombustíveis.

Há as comunidades indígenas, a coordenação das mulheres rurais de muitos países, as organizações que cuidam do acesso ao crédito contra as regras dos grandes bancos.

Mas também há a CUT, o poderoso sindicato brasileiro, a coordenação dos movimentos que, na Grécia, contribuíram para o sucesso de Tzipras, os papeleiros e as empresas recuperadas argentinas, que permitiram que muitas pessoas sobrevivessem com a reciclagem de tudo na terrível crise de Buenos Aires.

Os líderes desses movimentos argentinos, Juan Grabois, amigo de Bergoglio desde os tempos de Buenos Aires, e advogado dos papeleiros, estava presente no Vaticano na sexta-feira passada, na coletiva de imprensa de apresentação do encontro: "O Papa Francisco não se esquece de nós, isto é, daqueles que lutam, sem soberba, mas com coragem, sem violência, mas com tenacidade, pela dignidade que nos roubaram e pela justiça social".

Dom Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, explicou que o papa "não teme a politização, ao contrário, ela é necessária, para que os políticos se deem conta dos problemas, e, portanto, é preciso uma certa pressão". Sorondo acrescentou que "diversas conferências episcopais e bispos não estão conscientes do problema".

O cardeal Appiah Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, também afasta os riscos de instrumentalização e as críticas de que se trata sobretudo de movimentos de esquerda: "'Bem-aventurados os pobres' é uma frase do Evangelho".

Sorondo lembrou que "o papa disse que são os marxistas que roubaram a bandeira", e que o próprio Bergoglio disse não ser "trotskista, mas tem muitos amigos trotskistas".

No Vaticano, também deverá estar presente Evo Morales, o presidente boliviano, mas que vem como líder histórico dos cocaleros bolivianos, o movimento dos agricultores que, no passado, reivindicaram o cultivo da folha de coca como cultura nacional e não como base do narcotráfico.

Pela primeira vez na história da Igreja, diz Frei Betto, sacerdote dominicano brasileiro, um dos líderes da teologia da libertação, "o papa muda de interlocutores e ouve aqueles que realmente representam os pobres". Frei Betto lembra que o único precedente foi um encontro de Karol Wojtyla, em 1980, durante a primeira viagem ao Brasil, na capela do Colégio Santo Américo, em São Paulo, com alguns sindicalistas, incluindo Lula, "mas foi um encontro protocolar".
Famiglia Cristiana, 27-10-2014.
Fonte: http://domtotal.com/noticias/

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

32ª Caminhada da Seca em memória das vítimas do campo de concentração de 1932.

Acontecerá em Senador Pompeu-CE, dia 09 de novembro de 2014, a 32ª Caminhada da Seca, em memória das vítimas do campo de concentração de 1932. Apresentando a seguinte temática: “Pela preservação das águas do Patu, fonte de vida e construção da liberdade – Em defesa da dignidade humana”.

A 32ª Caminhada da Seca acontece no auge do mais longo período de estiagem dos últimos anos e apresenta reflexões pertinentes à convivência com o Semiárido. A temática chama atenção para a questão da segurança hídrica na região. O baixo nível do Açude Patu vem preocupando a população de Senador Pompeu.  Comunidades situadas às margens do açude já enfrentam o problema do desabastecimento. Movimentos sociais alertam para um possível colapso no abastecimento, se as chuvas permanecerem abaixo da média. Chama a atenção também para a questão da degradação ambiental e poluição do Açude Patu; para os Rios Patu e Banabuiú, que são fundamentais para a região Sertão Central, e a preservação dos Casarões da Barragem, porque até o momento não houve, por parte dos órgãos públicos, ações de preservação.

O açude Patu seria a solução para amenizar a problemática do abastecimento d’água na região; as obras foram iniciadas no ano de 1919, mas só veio de fato a ser concluído no ano de 1987. A construção do açude foi marcada por atos de violação de direitos, a começar pelo cancelamento das obras, em 1924. Em seguida, abriram-se os portões do canteiro de obras abandonadas para a efetivação da política de confinamento de flagelados da seca do ano de 1932, prática que foi iniciada no ano de 1915.

No local, o governo promoveu a maior violação de direitos, ferindo a dignidade humana de milhares de sertanejos, que tiveram suas vidas ceifadas.

Na verdade, a sede, a fome, as doenças, os maus tratos, o sol escaldante, não foram os responsáveis pela tragédia, mas, sim, o Estado, que negligenciou na política de convivência com a seca, que na época era chamada de combate à seca.

Com a retomada da construção, em 1984, os agricultores e agricultoras que moravam às margens do rio Patu, que teriam suas terras e benfeitorias inundadas, tiveram que desocupar as terras sem a garantia de indenização justa. Foi através da organização e muita luta, com a ajuda de Pe. Albino Donatti, que se garantiu, através do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro, assessoria jurídica, e com isso os agricultores e agricultoras tiveram parte de seus diretos garantidos.

Hoje, 82 anos após o campo de concentração, a população ainda sofre por falta de abastecimento d’água, terra para viver e produzir, educação e saúde de qualidade e uma série de outros direitos que são negados. Isso prova a ineficiência das políticas públicas de convivência com o Semiárido. Os políticos e empresas continuam a se beneficiarem política e economicamente com a indústria da seca, que vem se camuflando com o passar do tempo.

O campo concentração, ou para melhor dizer campos, ainda são uma prática dos governos no presente. Não existe um campo de concentração, cercado por arame, onde as pessoas são aprisionadas, mas as formas e práticas de segregação permanecem. Basta observar os índices de criminalidade envolvendo jovens negros de baixa renda. Não se morre pela fome ou sede de comida e água diretamente, mas pela fome da falta de informação, da violência, das drogas, pelas doenças diversas, pois o sistema de saúde precário não é capaz de oferecer um atendimento eficaz.

Os que morrem pela falta de atendimento médico adequado, as vítimas das mais diversas formas de violências, das drogas, do trabalho infantil, do trabalho escravo e semiescravo, são todos e todas vítimas da incompetência dos governos, que têm negligenciado propositalmente ou não, sabotando a educação e violando direitos fundamentais, inviabilizando a justiça social, configurando-se as novas estruturas de concentração, que não diferem na essência do campo de concentração de 1932.

No campo de concentração de 1932, os flagelados recebiam uma espécie de cartão senha, que lhes dava o direito de retirar os víveres que eram mandados pelo Governo Federal (lembrando que há relatos de sobreviventes de que eram produtos de péssima qualidade, que os produtos eram desviados por comerciantes de Senador Pompeu, à época).  Hoje, vemos a mesma fila nas casas lotéricas, para retirar os víveres da atualidade, camuflados de programas sociais. As favelas nas grandes e pequenas cidades são exemplos de campos modernos.

A Caminhada da Seca mantém viva a memória do fato histórico que não pode ser esquecido. Tem que ser lembrado, não só do ponto de vista religioso, mas também da esperança, da reflexão sobre as políticas de convivência com o Semiárido, sistematicamente negligenciadas. Prova é que atravessamos mais um longo período de seca, o povo do sertão continua a sofrer por falta de abastecimento de água e a sobreviver com esmolas de governos. Essa tem sido a prática que não liberta, que permanece segregando, violando os direitos humanos fundamentais dos povos do Semiárido.

Falta planejamento por parte dos administradores públicos, no sentido de captar e armazenar água para os longos períodos de estiagem e fazer a distribuição equitativa; fata garantir educação no campo e garantir meios para implantação de sistemas de produção adequados e eficazes, para a produção de alimentos e geração de renda.

A caminhada da seca é um importante patrimônio cultural imaterial de Senador Pompeu, que envolve um conjunto de outros patrimônios: o açude e o rio Patu, os Casarões da Barragem, o serrote do Patu, o Cemitério da Barragem, a Caatinga e a fauna, as obras de artes, a devoção às almas da barragem, a próprio fato histórico, tudo isso tem que ser preservado, para que o passado possa servir de luz para iluminar as veredas do futuro.

Fonte: http://cddhac.blogspot.com.br/2014/10/32-caminhada-da-seca-em-memoria-das.html